4.10.12

Hello friends,

Lord Henry sorriu.
- Todos gostam de dar aquilo de que mais necessitam. É o que eu chamo o cúmulo da generosidade.
-Oh, o Basil é o melhor dos homens, mas parece-me um bocadinho filistino. Descobri isso desde que o conheci a si, Henry.
- O Basil, meu caro, põe na obra tudo o que nele há de encantador. A consequência é que nada lhe resta para a vida, a não serem os seus preconceitos, os seus princípios e o seu senso comum. Os únicos artistas que tenho conhecido, se são pessoalmente deliciosos, são maus artistas. Os bons artistas existem simplesmente no que fazem, e, por conseguinte, no que são nenhum interesse despertam. Um grande poeta, um poeta realmente grande, é a menos poética de todas as criaturas. Mas os poetas inferiores são absolutamente encantadores. Quanto piores são as suas rimas, mais pitorescos eles parecem. Só o facto de haver publicado um livro de sonetos de segunda classe torna um homem deveras irresistível. Vive a poesia que não pode escrever. Os outros escrevem a poesia que não ousam realizar.

O retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde

Adoro absolutamente estas personagens e Henry é a mais perfeita do género. Teorias imensas, sabedoria questionável mas de lábia admirável. Podemos nunca sequer ter pensado nisso até ao momento em que as lemos, podemos não concordar com elas ou podemos até ter sido de opinião completamente contrária até à altura, mas não lhes ficamos indiferentes e não temos coragem de as refutar. E Oscar Wilde é mel de se ler.





Alguns dias são difíceis, mesmo que sejam lindos como este. Dias em que até a minha própria presença me incomoda. Nestes dias só o chocolate - do tipo certo - funciona. Não gelado, não bolo, não tarte. Chocolate. Depois adiciono ao cenário uma chávena de lúcia-lima, pasmo-me a olhar para as ervas aromáticas na minha varanda, como se os novos rebentos fossem despontar da terra a qualquer momento, ouço isto, leio até que me canse e, por fim, trabalho.



Depois sopa, pão com manteiga e home cinema no seu melhor.
Dormir, passar para outra, acordar e refrescar, ou como quem diz, correr. Depois ir para a nossa inauguração e celebrar.

P.S. Apesar de tudo, consigo ouvir sem qualquer efeito nocivo músicas carregadas de memórias de tempos que ainda agora estavam a ser, prontinhas para despertar em mim o instinto depressivo que tem estado adormecido com muito empenho meu. Bom sinal Catarina, bom sinal. Afinal, é a isso que se chama cura.

a ouvir: Breathe Me - Sia


UPDATE: Meu Deus, o micro-ondas avariou-se.

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