15.11.12

O contexto das bolachas

12 do 11

Hoje foi o meu primeiro dia de trabalho. Trabalho a sério, daqueles onde a licenciatura e o currículo efectivamente servem.
Acordei às 6h45, que não gosto de andar à pressa.
Vestia-me pensando, indecisa, se haveria de optar pela manteiga ou o mel na torrada a acompanhar uma chávena de chá de lúcia-lima com leite, casca de limão e um pingo de xarope de agave, acabei por comer metade com cada coisa. Também não me conseguia decidir se havia de apanhar o comboio das 23 ou o das 27. Pús o meu baton rosa e saí.
Nem ouvi música no caminho. Nem estava nervosa. Fechei os olhos e desliguei-me por momentos.
Tudo correu muito bem, como só podia ter corrido. E o meu caminho vai-se fazendo. Levei canja da minha avó para o almoço. Pensei que seria uma coisa estranha para o meu primeiro dia de trabalho, mas nada me saberia melhor que aquele caldo a fumegar de conforto.
Conheci alguem que bebe mais chá que eu.
Fiz uma cábula com a disposição dos lugares lá dentro para não me esquecer dos nomes.
Os meus dedos continuam feios e a doer da queimadela da semana passada mas acabo por conseguir ignorá-los durante o dia. Já as outras dores só lá vão com Trifene, uma cama quente e as bolachas que fiz para o meu lanche. Para prevenir e remediar.
Percebi que quando batem as cinco horas de trabalho os meus ombros começam a desafiar seriamente o meu bem estar.
Saí às 9h30 da noite. A minha mãe foi-me buscar a Lisboa e eu senti-me feliz.
Mais tarde lembrei-me que me esqueci de desligar o rato e o teclado.
Quando cheguei a casa vi as minhas 15 polegadas sobre a mesa e de repente pareceram-me demasiado pequenas.



14 do 11

Apercebo-me agora da importância tremenda da rotina, do tempo cheio. Em três dias, a noção de aproveitar tempo, planear, e tempos livres alterou-se substancialmente.
Não ligava o computador à dois dias. Se não fosse para escrever isto provavelmente não o faria.
Tenho mensagens a responder, pessoas a agradecer, posts aqui por fazer, uma série e um programa para actualizar, um bilhete por concluir, um catálogo por fotografar, o almoço de amanhã por fazer et caetera. Mas quando paro é só isso que me apetece fazer. Ficar parada. De olhos fechados ou abertos para ver a poeira assentar, mas parada.




Bolachas de dois açúcares, aveia e damascos secos

Os açúcares são muito mais que a sua qualidade inerente de doce. Tem sabores próprios, características únicas e insubstituíveis. A diferença entre xarope dourado e mel e mesmo entre os diversos tipos de mel que existem são dos melhores exemplos que posso dar. Estas bolachas também são sem dúvida uma prova disso. 
Fora os biscoitos de azeite portugueses, o biscotti italiano nunca fiz bolachas antes, pelo que não sabia que há bastantes factores que influenciam a sua textura final. Esta receita resultou numas bolachas não tão crocantes como gostaria, mas pelo que percebi, e uma vez que quero manter os açúcares utilizados, retirar o ovo e o bicarbonato pode ser uma boa opção para as deixar mais estaladiças.

1 ovo grande, batido
70g de açúcar integral (rapadura)
140g de açúcar amarelo
120g de manteiga sem sal, à temperatura ambiente
100g de damascos secos
150g farinha de centeio
1/2 c.chá bicarbonato de sódio
1/2 c.chá sal
140g flocos de aveia
2 c.sopa leite

Pré-aqueçer o forno a 180ºC. Forrar dois ou três tabuleiros largos com papel vegetal.
Bater os açúcares com a manteiga amolecida.
Adicionar o ovo e o leite e bater até obter uma massa homogénea.
Peneirar a farinha com o sal e o bicarbonato de sódio. Adicionar à mistura do açúcar e manteiga e bater até os ingredientes estarem combinados.
Acrescentar a aveia e os alperces e envolver até ficar tudo bem misturado.
Com uma colher de sopa, colocar pequenas porções nos tabuleiros intervaladas com cerca de 2,5cm para não colarem. Levar ao forno por 15-20 minutos ou até terem escurecido bastante. Não deixem mais que os 20 minutos porque as bolachas acabam de endurecer cá fora, um pouco à semelhança do cacau.
Transferir para uma grelha de metal para arrefecerem.


faz cerca de 36-40 bolachas, dependendo do tamanho




a ouvir: Kettering - The Antlers


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